Lições da coronacrise sobre os verdadeiros limites da política econômica
Palavras-chave:
finanças funcionais, política macroeconômica, macreconomia, finanças públicasResumo
A pandemia do coronavírus em 2020 obrigou economistas e governantes a questionarem o entendimento convencional sobre os verdadeiros limites da gestão macroeconômica. Mesmo governos confiantes na eficiência autocorretiva do livre mercado e comprometidos com a busca intransigente do equilíbrio fiscal foram obrigados a abandonar, ou pelo menos suspender, convicções liberais em favor de um ativismo macroeconômico pragmático, com políticas fiscais e monetárias extraordinariamente expansivas necessárias para que a crise econômica deflagrada pela pandemia não levasse os países ao colapso político, social e econômico. No presente artigo, descreveremos os mecanismos que permitiram ao governo brasileiro enfrentar a crise do coronavírus. Sinteticamente, mostraremos que o governo brasileiro não se financia através da arrecadação de impostos ou da obtenção de empréstimos junto ao setor privado para realizar seus pagamentos domésticos. Ao contrário do que se crê convencionalmente, o governo emite a moeda com que faz todos os seus pagamentos, incluindo a moeda com que paga pelos compromissos financeiros assumidos para com os detentores de sua dívida.