“Mariana é minha filha”: categorização, proximidade e distância territorial na implementação de políticas sensíveis a gênero

Autores

  • Juliana Rocha Miranda FGV EAESP

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar como a categorização com base em gênero varia conforme o território de implementação e conforme o grau de proximidade dos profissionais da equipe com o território. O caso empírico é o da atenção em saúde sexual e reprodutiva na Estratégia de Saúde da Família, cujos atendimentos voltam-se para contracepção, pré-natal e prevenção a infecções sexualmente transmissíveis. Foram realizadas 33 entrevistas, com aplicação de vinhetas, em duas Unidades Básicas de Saúde em territórios com indicadores socioeconômicos contrastantes em uma cidade.  A análise revelou que a categorização sobre o público e o território tende a ser mais benéfica na UBS com indicadores socioeconômicos melhores e a forma de categorização dos territórios é influenciada pelo grau de proximidade ou distância que os profissionais têm do território. O conteúdo tende a ser mais moral para profissionais próximos do território, enquanto profissionais mais distantes mobilizam também a condição socioeconômica e, implicitamente, raça/cor dos usuários. Esta pesquisa contribui para a literatura de burocracia de nível de rua e reprodução de desigualdades, ao promover uma análise interseccional, a respeito da (re)produção de desigualdades por meio dos processos de categorização e julgamento social, a partir do território de implementação de políticas públicas.

Downloads

Publicado

2024-01-04

Edição

Seção

ST 4 - Gênero, Políticas Públicas e Divisão Sexual do Trabalho