Rio caminho!?: Uma visão pragmática do protagonismo social a partir das dimensões do Paraopeba na busca do direito à cidade em Brumadinho / MG
Resumo
O rompimento da barragem de rejeitos de mineração, em 25 de janeiro de 2019, no município de Brumadinho, é um dos sinais do histórico descaso do poder público para planejamento territorial e gestão de políticas públicas, marcado por processos descontínuos e pouco participativos. O desastre-crime matou pessoas e gerou degradação socioambiental, afetando gravemente o rio Paraopeba, que divide a área central da cidade em dois lados. A lama densa de rejeitos deixou seu rastro de destruição, contaminou a fauna, as matas ciliares, assoreou seu leito e piorou a qualidade da água e da vida cotidiana. As ruas da cidade não foram invadidas pela lama e, mesmo com as obras emergenciais, as primeiras enchentes não impediram a ampliação dos impactos posteriores em áreas habitadas do centro. Novos conflitos ambientais acirraram a crise urbana. A partir dos aportes teóricos da sociologia pragmática e do conceito de ator-rede, o artigo apresenta reflexões sobre a inovação do protagonismo social nas comunidades atingidas pelos efeitos subsequentes da lama. A população não está à margem da luta por reparações emergenciais, justiça ambiental, direito à cidade. As dimensões do rio também resistem e sinalizam o caminho para mudanças sociais.